
O Desiderato fundamental é a manutenção da espinha dorsal do financiamento e prestação pública do SNS
face a uma notícia que anexo, considero fundamental e urgente medidas de fundo e não paliativos. Sem recursos humanos no Interior não há volta a dar. O Governo tem que fazer uma aposta clara na fixação de recursos humanos no Interior do País. Como em outras profissões, também os concursos para médicos e enfermeiros deveriam ser abertos para servir os interesses das populações do Interior. Sou enfermeiro, mas como utente pago a mesma percentagem de IRS que um colega no Litoral, no entanto esse colega enquanto utente usufrui de uma oferta pública diferenciada muito superior. A CGTP-IN tem propostas: http://www.cgtp.pt/images/stories/imagens/2008/04/20medidas.pdf Não basta ter criado a Faculdade de Ciências da Saúde na UBI, é fundamental haver uma articulação entre os diversos responsáveis políticos e também os órgãos que tutelam as profissões da saúde no sentido de cimentar um caminho irreversível da criação de um maior número de vagas na formação graduada de médicos e enfermeiros nas instituições de saúde do interior do País. Pois sem sangue novo não há remédio, a idoneidade formativa faz-se com meios técnicos e sobretudo com meios humanos. As medidas tomadas após o 25 de Abril de 1974 e com a implementação do SNS em 1979 permitiram trazer sangue novo para o interior. É necessário um novo 25 de Abril para a revitalização do Serviço Nacional de Saúde. Não precisamos de medidas caritativas, precisamos responsabilização política, responsabilização técnica e humana e voltemos a dar espaço efectivo aos conselhos consultivos das instituições de saúde públicas com a participação dos utentes do SNS. Nas escolas também há participação de pais, encarregados de educação e alunos e não subvertem a autonomia da escola. Neste debate em torno das questões da saúde é fundamental saber as prioridades no investimento para a promoção da saúde e prevenção na doença ao nível dos cuidados de saúde primários, revitalizar a saúde escolar com intervenção persistente na educação das novas gerações em tornos dos ganhos em saúde. A saúde não pode continuar a ser o negócio da doença, onde as promiscuidades com o sector privado leva ao aumento exponencial dos gastos com o tratamento das doenças. O eixo central do SNS é ao serviço dos utentes, mas estes para serem o centro é fundamental também responsabilizá-lo com a sua própria saúde. A discussão é fundamental para travar esta irritativa expressão de "morte natural" dos SAP's, extensões ou outros serviços de proximidade. Os SAP's nunca foram serviços de urgência, ponto final. Os pontos que criaram de Serviços de Urgência Básicos(V.N.F.Cõa e em Seia) têm os meios humanos suficientes com a devida formação, isso é que importa discutirmos urgentemente, não basta dizer que se criaram mais meios para em alternativa encerrarmos outros. Há que discutir seriamente com as populações, não criarmos e continuarmos a criar falsas expectativas. Por exemplo, havia cinco médicos no Centro de Saúde de Pinhel que tinham formação em emergência, inclusive abraçaram a equipa pioneira da VMER da Guarda, com a construção do novo centro de saúde poder-se-ia ter criado uma SUB, para servir as populações daquela área geográfica. As extensões que muitos referem que não têm condições físicas, entre outras, quem as abriu não é responsável? Quem criou falsas expectativas de um serviço, que referem que não oferece condições não foram os profissionais. São estas e outras interrogações que devemos discutir de forma objectiva, transversal aos diversos sectores profissionais na saúde, organizações sindicais, autarcas, populações. O desiderato fundamental tem que ser a manutenção da espinha dorsal do financiamento e prestação pública do SNS. Já basta de promiscuidades com o sector privado que infectam o caminho da rentabilização da capacidade instalada no sector público do SNS.
http://www.guarda.pt/noticias/sociedade/Paginas/populares-autarcas-da-meda-exigem-reabertura-sap-noite.aspx
Honorato Gil Robalo
Coordenador da USG/CGTP-IN